domingo, 23 de agosto de 2015

Babilônia: Regina, Beatriz e Inês sofrem surto de burrice



   A despeito das críticas e tentativas de boicote que a telenovela global "Babilônia" vinha sofrendo desde antes de estrear, na última semana a mesma, de fato, descarrilhou [1] de forma trágica - ao menos para mim, isso porque personagens essenciais da trama de Gilberto Braga [2] parecem ter sido subitamente acometidas por algum tipo de virose que provoca burrice aguda.
   Todo o descarrilamento começa nos instantes imediatamente posteriores à morte de Murilo na boite, quando Regina encontra o celular dele e, ao invés de entregá-lo para a polícia, resolve ficar com o mesmo para ver se encontra algo que o ligue à Beatriz e, principalmente, que possa incriminar esta pela morte do pai da então pretendente do curso de medicina, agora modelo & dona de restaurante.
   Até aí tudo bem, pois espera-se (ao menos eu esperava) que, havendo algo comprometedor para Beatriz no supracitado aparelho, Regina o entregasse para a polícia, ela, enfim, conseguindo tudo aquilo que queria desde a morte do seu pai no começo da telenovela: justiça pela morte do seu genitor mediante o julgamento e prisão do assassino. Mas não! Ao invés de fazer a coisa mais lógica do mundo, a sujeita simplesmente resolveu fazer a mais absurda das chantagens: ou Beatriz assumia para Diogo que ela era a assassina do pai dele, ou Regina entregaria pra a polícia a gravação na qual Beatriz e Murilo planejavam a morte de Evandro.


Regina, modelo & dona do restaurante "Estrela Carioca"
Foto: Tirei daqui.

   A chantagem é absurda porque não trás qualquer contrapartida para Beatriz (algo do tipo, "assume para meu irmão que você é a assassina do nosso pai e eu não entrego a gravação à polícia até você deixar o país") e a deixa ainda mais acuada do que já está, sendo que alguém acabou morrendo em todas as vezes que ela se viu acuada ou remotamente ameaçada na trama. Portanto, a Beatriz arquitetar alguma coisa com a finalidade de se livrar de Regina e da gravação era algo mais do que óbvio - inclusive, se a Regina tivesse compartilhado seus planos com a Inês ou mesmo com o Vinícius, tais movimentações futuras seriam facilmente percebidas (e, provavelmente, a modelo & dona de restaurante seria convencida a seguir pelo caminho mais lógico).
   Até aí as coisas seriam aceitáveis, engolíveis. Se Beatriz, depois de conseguir levar Regina para bem longe e seda-la, não tivesse cometido uma burrice maior do que a de sua chantagista: não matá-la. Certo, ela foi impedida na última hora pela chegada de Carlos Alberto e acabou matando-o, mas, com ele fora de cena e considerando que a serial killer de cabelo channel usava luvas, por qual motivo ela simplesmente não se aproveitou do fato de Regina ainda estar grogue par atirar na cabeça dela e, em seguida, colocar a arma na mão da modelo, dando um novo disparo para deixar a mão da mesma com vestígios de pólvora?


Beatriz, A Matadora de Cereal
Foto: Tirei daqui.

   A cena seria perfeita, pois, como ninguém sabia que Regina tinha saído do restaurante para se encontrar com Beatriz, as suspeitas pelo seu desaparecimento ficariam em cima de Carlos Alberto, que saiu logo atrás e, então, teríamos um cenário no qual ele, inconformado pela separação, simplesmente a arrastou para aquele local a fim de fazer sabe-se-lá-o-quê e acabou surpreendido por uma armada Regina, a qual acabou atirando nele para se defender e, não aguentando a culpa ou outro sentimento, cometeu suicídio.
   Com um cenário destes, teríamos apenas uma pouco confiável Inês tagarelando obsessivamente que "foi a Beatriz" e alegando que falara com Carlos Alberto pelo celular, bem como que ele teria afirmado que vira o carro de Beatriz e tal. Poderia até haver uma quebra de sigilo telefônico para averiguar o teor da conversa, seguida pela busca de câmeras de segurança nos arredores do restaurante e no trajeto percorrido até o local da morte dele para constatar a presença do carro de Beatriz, entre outras saídas possíveis, mas não... Aparentemente, a tão fria e calculista Beatriz levou apenas uma bala para executar Regina.
   Só que o surto de burrice não para por aí e fica terrivelmente pior quando, no mesmo capítulo da morte de Carlos Alberto (capítulo 137), a loira Beatriz resolve depor sobre o incidente e mente ao se colocar como testemunha do ocorrido, criando uma contradição tal com o depoimento de Regina que ela serve de justificativa para deixar Beatriz fora de uma prisão preventiva. E eis o porquê de eu utilizar o termo "burrice" para me referir ao que tem acontecido: ao descobrir que Beatriz escapou da quase certa prisão preventiva por conta da contradição dos depoimentos provocada pela mentira de Inês, Regina declara e repete que isso foi uma burrice por parte da advogada loira.


Inês, A Usurpadora Obsessiva.
Foto: Globo/Reprodução

   Então, para finalizar (por enquanto, e eu espero, sinceramente, que pare por aqui) o surto de burrice que se abateu sobre "Babilônia", depois que Beatriz combina com Otávio o forjamento de um vídeo incriminando Inês pelo assassinato de Murilo, a advogada que mais parece uma "adevogada" simplesmente vai até o novo apartamento da sua arqui-inimiga e atira nela.
   Assim, temos uma reviravolta totalmente inesperada e sem sentido, para não dizer desonesta, pois as personagens fogem brusca e grosseiramente do seu objetivo inicial. Regina parecendo não estar nem um pouco preocupada em colocar Beatriz atrás das grades pela morte de seu pai, sendo que ela passou a novela inteira tagarelando sobre justiça e punição para o culpado, enquanto Inês, que sempre se mostrou desejosa de que Beatriz pagasse pelo que fez com o seu pai e fosse parar atrás das grades, abandona isso quase que de súbito e tenta matar a arqui-inimiga. Quanto à Beatriz, se por um lado ela se manteve fiel ao papel de exterminadora de homens (vale a observação de que matou um mesmo quando pretendia matar uma mulher), por outro, fugiu completamente da figura de assassina fria e calculista ao deixar de matar Regina.
   Enfim, o descarrilhamento do roteiro, já nessa reta final se mostra irreversível e não seria nem um pouco surpreendente se o autor resolvesse acrescentar um pouco de realismo fantástico, fazendo o Altíssimo descer dos céus por meio de uma corda para tentar arrumar toda a bagunça, fazendo com que tudo não tenha passado de um sonho do marido de Inês, que, na verdade, não teria morrido, estando em coma nalgum hospital de Dubai.


O Altíssimo descendo dos céus para tentar salvar a trama.


E você, concorda que o roteiro ficou furado feito queijo suíço? Discorda?
Comente (se quiser).



Próximo Texto:
Babilônia: A relação nome-personagem.





NOTA

[1] Ambas as formas, "descarrilhar" e "descarrilar" são corretas, mas eu prefiro a primeira.

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