Imagino que quase todo mundo já tenha ao menos ouvido falar de "Jaspion", originalmente chamado Kyouju Tokusou Juspion (Investigador de Monstros - Juspion). Essa série televisiva japonesa, pertencente ao gênero tokusatsu e ao subgênero Metal Hero (herói metálico), não fez tanto sucesso no seu país de origem, entretanto, no Brasil, tornou-se um verdadeiro divisor de águas, o seu sucesso abrindo o caminho para que diversas outras séries, anteriores e posteriores a ela, fossem exibidas em emissoras diversas. A partir desse momento, (felizmente) tem início a larga introdução de produções nipônicas nas terras tupiniquins.
Sendo uma produção da Toei Company, a telessérie estreou no Japão em 15 de março de 1985 e teve seus 46 episódios primeiramente exibidos no Brasil pela extinta Manchete (que exibiu somente até o episódio 44, exibindo o 45 somente em julho de 1990, o 46 somente sendo transmitido depois da reprise do seriado com o episódio 45 sendo exibido pela segunda vez), posteriormente também sendo exibida pela Record e pela CNT-Gazeta, estando atualmente em exibição pela Rede Brasil.
Quanto ao enredo, basicamente, se trata de uma estória maniqueísta, na qual há a jornada espacial de um grupo de heróis representantes do bem para deter um grupo oposto, representante do mal, que encontra no planeta Terra o local perfeito para a concretização dos seus planos. Agora, além desse maniqueísmo, o que o telesseriado japonês tem a ver com o cristianismo? Se não tudo, muita coisa (e realmente acredito que o digo aqui não é nada de novo, visto que muitas coisas são bem evidentes, sendo que a análise é bem superficial mesmo).
O protagonista, Juspion (cujo nome é uma aglutinação de Justice Champion, isto é, "Campeão da Justiça", e sofreu uma adaptação sonora no Brasil, virando Jaspion), sobreviveu à queda de uma nave espacial, os seus pais não tendo a mesma sorte. Encontrado pelo profeta e cientista Edin - cujo nome se assemelha sonoramente a Éden (o paraíso cristão), foi criado por ele e preparado para ser o lendário guerreiro profetizado pela Bíblia da Via Láctea que combateria e derrotaria a personificação das energias negativas do universo e o seu Império de Monstros.
Só aqui nós já temos algumas referências ao cristianismo: 1) Enquanto o profetizado messias cristão é filho do Altíssimo (ou Pai do Céu) e foi criado pelo idoso carpinteiro José, Jaspion veio do céu e foi criado pelo idoso cientista Edin, sendo identificado como o lendário guerreiro profetizado; 2) a Bíblia da Via Láctea, penso eu, dispensa comentários; 3) o nome do inimigo que é a personificação das energias negativas do universo e que (aparentemente) ressurge de tempos em tempos, é Satan Goss, obviamente aludindo à entidade opositora ao Deus cristão, Satã ou Satanás (do hebraico shaitan, "oponente, adversário").
Além disso, há ainda outras referências e pelo menos duas formas de se ver o desenrolar da estória. Basicamente, pode-se dizer que o nome do robô gigante controlado por Jaspion, Daileon, alude à Casa de Judá e ao messias cristão, visto que significa "Grande Leão". Quanto aos Quadridemos (Purina, Gyoru, Iki e Zampa) eles corresponderiam aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, e isso leva ao fato de que o enredo corresponderia, em parte, à estória descrita no Apocalipse de São João.
Dentre dessa correspondência, pode-se, por exemplo, traçar um paralelo entre o besta de sete cabeças e a destruição de Satan Goss, pois o mesmo é destruído por sete indivíduos juntos: Jaspion, o bebê do ovo dourado e as cinco crianças. Esses sete indivíduos representariam as sete cabeças da besta, pois, em Apocalipse 17, versículo 10, é dito que as cabeças são sete reis, dos quais cinco já caíram (as cinco crianças, encontradas por Jaspion), um existe (Jaspion) e o outro ainda não é vindo, sendo que, quando vier, durará pouco tempo (o bebê do ovo dourado, que não foi encontrado por Jaspion até a batalha final). E o bebê do ovo dourado também corresponderia à criança da mulher vestida como o sol, que é perseguida pelo dragão e refugia-se no deserto, sendo que o dragão corresponderia a Satan Goss, visto que o mesmo temia o bebê do ovo dourado acima de tudo.
Acontece que essa é uma forma de ver a coisa toda, a qual corresponde ao cristianismo "padrão", por assim dizer. A outra forma encontra relação com o gnosticismo cristão, de modo que Satan Goss corresponderá ao demiurgo gnóstico, MacGaren, o "filho" de Satan Goss, correspondendo ao próprio Jesus, na medida em que ele chega a morrer e é ressuscitado pela bruxa galática kilsa - a qual, nesse caso, aludiria à Madalena, a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado. MacGaren (Mad Galant, no original) também corresponderia a Sabaoth, um outro nome do demiurgo Yaldabaoth e que, no apócrifo Hipóstase dos Arcontes, é visto como uma entidade diferente, filho do demiurgo.
Por fim, existe um ponto mais ou menos confuso: na medida em que Satan Goss equivaleria ao deus cristão (segundo a visão gnóstica), os seus fiéis veriam Jaspion e cia como representantes do mal, como agentes do demiurgo, que, para eles, seria Daileon - visto que o evangelho apócrifo de João caracteriza o demiurgo como tendo face de leão.
Essa dupla equivalência, em que o "mal" (Satan Goss e Mad Galant) é o "bem" para uns, enquanto o "bem" (Juspion e cia) é visto por esses como o "mal", fica evidente no fato de Mad Galant ser completamente equivalente e oposto ao Jaspion, tanto nas cores (que se opõem) quanto nos equipamentos e habilidades possuídas.
Sendo uma produção da Toei Company, a telessérie estreou no Japão em 15 de março de 1985 e teve seus 46 episódios primeiramente exibidos no Brasil pela extinta Manchete (que exibiu somente até o episódio 44, exibindo o 45 somente em julho de 1990, o 46 somente sendo transmitido depois da reprise do seriado com o episódio 45 sendo exibido pela segunda vez), posteriormente também sendo exibida pela Record e pela CNT-Gazeta, estando atualmente em exibição pela Rede Brasil.
Daileon, O Grande Leão
Quanto ao enredo, basicamente, se trata de uma estória maniqueísta, na qual há a jornada espacial de um grupo de heróis representantes do bem para deter um grupo oposto, representante do mal, que encontra no planeta Terra o local perfeito para a concretização dos seus planos. Agora, além desse maniqueísmo, o que o telesseriado japonês tem a ver com o cristianismo? Se não tudo, muita coisa (e realmente acredito que o digo aqui não é nada de novo, visto que muitas coisas são bem evidentes, sendo que a análise é bem superficial mesmo).
O protagonista, Juspion (cujo nome é uma aglutinação de Justice Champion, isto é, "Campeão da Justiça", e sofreu uma adaptação sonora no Brasil, virando Jaspion), sobreviveu à queda de uma nave espacial, os seus pais não tendo a mesma sorte. Encontrado pelo profeta e cientista Edin - cujo nome se assemelha sonoramente a Éden (o paraíso cristão), foi criado por ele e preparado para ser o lendário guerreiro profetizado pela Bíblia da Via Láctea que combateria e derrotaria a personificação das energias negativas do universo e o seu Império de Monstros.
Só aqui nós já temos algumas referências ao cristianismo: 1) Enquanto o profetizado messias cristão é filho do Altíssimo (ou Pai do Céu) e foi criado pelo idoso carpinteiro José, Jaspion veio do céu e foi criado pelo idoso cientista Edin, sendo identificado como o lendário guerreiro profetizado; 2) a Bíblia da Via Láctea, penso eu, dispensa comentários; 3) o nome do inimigo que é a personificação das energias negativas do universo e que (aparentemente) ressurge de tempos em tempos, é Satan Goss, obviamente aludindo à entidade opositora ao Deus cristão, Satã ou Satanás (do hebraico shaitan, "oponente, adversário").
Este é Satan Goss, e sim, ele aparentemente foi inspirado em Darth Vader.
Além disso, há ainda outras referências e pelo menos duas formas de se ver o desenrolar da estória. Basicamente, pode-se dizer que o nome do robô gigante controlado por Jaspion, Daileon, alude à Casa de Judá e ao messias cristão, visto que significa "Grande Leão". Quanto aos Quadridemos (Purina, Gyoru, Iki e Zampa) eles corresponderiam aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, e isso leva ao fato de que o enredo corresponderia, em parte, à estória descrita no Apocalipse de São João.
Quadridemos
Dentre dessa correspondência, pode-se, por exemplo, traçar um paralelo entre o besta de sete cabeças e a destruição de Satan Goss, pois o mesmo é destruído por sete indivíduos juntos: Jaspion, o bebê do ovo dourado e as cinco crianças. Esses sete indivíduos representariam as sete cabeças da besta, pois, em Apocalipse 17, versículo 10, é dito que as cabeças são sete reis, dos quais cinco já caíram (as cinco crianças, encontradas por Jaspion), um existe (Jaspion) e o outro ainda não é vindo, sendo que, quando vier, durará pouco tempo (o bebê do ovo dourado, que não foi encontrado por Jaspion até a batalha final). E o bebê do ovo dourado também corresponderia à criança da mulher vestida como o sol, que é perseguida pelo dragão e refugia-se no deserto, sendo que o dragão corresponderia a Satan Goss, visto que o mesmo temia o bebê do ovo dourado acima de tudo.
Acontece que essa é uma forma de ver a coisa toda, a qual corresponde ao cristianismo "padrão", por assim dizer. A outra forma encontra relação com o gnosticismo cristão, de modo que Satan Goss corresponderá ao demiurgo gnóstico, MacGaren, o "filho" de Satan Goss, correspondendo ao próprio Jesus, na medida em que ele chega a morrer e é ressuscitado pela bruxa galática kilsa - a qual, nesse caso, aludiria à Madalena, a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado. MacGaren (Mad Galant, no original) também corresponderia a Sabaoth, um outro nome do demiurgo Yaldabaoth e que, no apócrifo Hipóstase dos Arcontes, é visto como uma entidade diferente, filho do demiurgo.
Por fim, existe um ponto mais ou menos confuso: na medida em que Satan Goss equivaleria ao deus cristão (segundo a visão gnóstica), os seus fiéis veriam Jaspion e cia como representantes do mal, como agentes do demiurgo, que, para eles, seria Daileon - visto que o evangelho apócrifo de João caracteriza o demiurgo como tendo face de leão.
Essa dupla equivalência, em que o "mal" (Satan Goss e Mad Galant) é o "bem" para uns, enquanto o "bem" (Juspion e cia) é visto por esses como o "mal", fica evidente no fato de Mad Galant ser completamente equivalente e oposto ao Jaspion, tanto nas cores (que se opõem) quanto nos equipamentos e habilidades possuídas.
Jaspion versus MacGaren
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