segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Outubro Rosa & Dia Internacional para Prevenção do Câncer de Mama

   Para quem não sabe, como eu não sabia antes de pesquisar, existem vários tipos de câncer (carcinoma) de mama, uns sendo muito raros, acontecendo, também, de um só tumor na mama ser a combinação de tipos ou mistura de carcinoma invasivo e in situ.

   A seguir, são apresentados os tipos mais comuns, os menos comuns e é explanado sobre algo não muito abordado durante o Dia Internacional para Prevenção do Câncer de Mama (ou Dia Internacional Contra o Câncer de Mama) ou mesmo durante o Outubro Rosa (ao menos eu não me recordo de já ter visto algo sobre em tal época): a ocorrência do câncer de mama em homens. Por fim, trato da história do Outubro Rosa e apresento algumas datas em que é comemorado o combate ao câncer de mama.



Tipos mais comuns de câncer de mama



Carcinoma Ductal In Situ (carcinoma intraductal)

   Segundo a Equipe Oncoguia (2014), 20% dos novos casos de câncer de mama serão deste tipo, quase todas as mulheres diagnosticas neste estágio podendo ser curadas. Este câncer de mama é considerado não invasivo ou pré-invasivo, as células não tendo se espalhado através dos ductos para o tecido mamário adjacente, muito embora em alguns casos isso possa vir a ocorrer, motivo pelo é considerado um pré-câncer.






Carcinoma Lobular In Situ

   Neste tipo, as células são aparentadas às células cancerosas que crescem nos lobos das glândulas produtoras de leite, mas não se desenvolvem nas paredes dos lobos.






Carcinoma Ductal Invasivo (Infiltrante)

   Este é o tipo de câncer de mama mais comum, em geral e entre os invasivos, dos quais corresponde a 80% dos casos. Ele inicia num duto de leite, cuja parede rompe e passa a crescer no tecido adiposo da mama, de onde pode se espalhar (metástase) para outras partes do corpo através do sistema linfático e de circulação sanguínea.
   Existem subtipos de carcinoma de mama invasivo que são tipos especiais de câncer de mama, todos tratados, em geral, como carcinoma ductal invasivo, mas alguns podendo ter prognóstico melhor do que ele. Tais subtipos são: Carcinoma cístico adenoide, carcinoma metaplástico, carcinoma medular, carcinoma mucinoso, carcinoma papilífero e carcinoma tubular.
   Alguns tem prognóstico idêntico ou pior ao do carcinoma ductal invasivo, como: carcinoma metaplástico (a maioria dos tipos, o que inclui células fusiformas e escamosas), carcinoma micropapilífero e carcinoma misto (com características de ductal invasivo e lobular).



Carcinoma Lobular Invasivo

   Correspondendo a cerca de 10% dos casos de câncer de mama invasivo, este tipo começa nas glândulas produtoras de leite (lobos), podendo, a exemplo do carcinoma ductal invasivo, se espalhar para outras partes do corpo, mas, diferentemente dele, pode ser mais difícil de ser detectado na mamografia.



Tipos menos comuns de câncer de mama


Câncer de Mama Inflamatório 

   Com uma maior chance de disseminação e um prognóstico pior do que o carcinoma ductal invasivo ou lobular, este tipo corresponde a algo entre 1 a 3% dos casos de câncer de mama, em estágios iniciais sendo muitas vezes confundido com mastite (inflamação da mama) e tratado como uma infecção, com antibióticos. Normalmente não existindo um só tumor ou nódulo e a paciente apresentando vermelhidão e inchaço da pele da mama, bem como aumento da temperatura local, frequentemente sem um massa ou nódulo palpável. Esse tipo de câncer de mama também pode dar uma aparência de casca de laranja à pele, devido às células cancerosas, que bloqueiam os vasos linfáticos da pele. Além disso, a mama pode se torna maior e mais firme, suave ou haver conceira nela.






Câncer de Mama Triplo-Negativo

   Na verdade, esse termo é utilizado para descrever os cânceres de mama cujas células não são receptoras de estrogênio e progesterona, não havendo excesso da proteína HER2, consequentemente, a terapia hormonal e os medicamentos que têm como alvo tal proteína não são eficazes, muitas vezes sendo recomendada a quimioterapia até mesmo para o estágio inicial, visto que reduz o risco da recidiva. Além disso, tais carcinomas de mama ocorrem mais frequentemente em mulheres mais jovens e em mulheres negras, tendendo a crescer e se espalhar mais rapidamente do que a maioria dos outros cânceres de mama.







Doença de Paget

   Respondendo por cerca de 1% dos casos de câncer de mama, a Doença de Paget quase sempre é associada ao carcinoma ductal in situ ou ductal invasivo em algum outro lugar da mama, começando nos dutos mamários e se espalhando para a pele do mamilo e para a aréola, as células cancerosas que se apresentam no mamilo frequentemente causando irritação local, descamação, prurido e vermelhidão, a mulher podendo, ainda, manifestar queimação e coceira. O tratamento geralmente requer mastectomia.



Tumor Filoide

   Ao contrário dos carcinomas, que se desenvolvem nos dutos ou lobos, o Tumor Filoide se desenvolve no estroma (tecido conjuntivo) da mama, sendo, em geral, benignos, em raras ocasiões podendo ser malignos. Muitas vezes a cirurgia é o único tratamento, a não ser que se espalhe, quando pode, então, ser tratado com quimioterapia.



Angiosarcoma

   Tendendo a crescer e se espalhar rapidamente, este tipo começa nas células que revestem os vasos sanguíneos ou linfático, o tratamento sendo, em geral, o mesmo válido para outros tipos de sarcomas. Quando ocorre na mama, o que é raro, geralmente se desenvolve com uma complicação da radioterapia mamária inicial, complicação essa que é rara, podendo aparecer de 05 (cinco) a 10 (dez) anos após o tratamento. Pode ocorrer nos braços da mulher que desenvolva linfedema como resultado da cirurgia dos linfonodos ou da radioterapia mamária.



O câncer de mama nos homens

   Segundo o Dr. Rafael Kaliks, médico oncologista clínico, o câncer de mama raramente afeta os homens, geralmente se manifestando na região próxima à aréola e correspondendo a menos de 1% do total de casos de carcinoma de mama. O diagnóstico se dá com base numa alteração da mama, que, em geral, é notada pelo próprio paciente, pois não existe rastreamento de câncer de mama em homens.
   A maioria dos aspectos do câncer de mama em homens corresponde ao que se vê nas mulheres, o tipo mais comum de carcinoma mamário também sendo o carcinoma ductal invasivo, homens também podendo ter carcinoma ductal in situ e apresentarem carcinoma papilífero, que é o mais raro entre as mulheres, em até 4% dos casos.
   Além disso, a presença de receptores de estrogêneo e de progesterona é mais elevada nos cânceres de mama em homens (80%) do que em mulheres (70%), a proteína Her2 estando um pouco mais frequentemente hiperexpressa neles do que nelas, embora as implicações de tais proteínas seja igual em ambos: enquanto os receptores são associados a tumores menos agressivos e que respondem à hormonoterapia, a hiperexpressão de Her2 está associada a tumores mais agressivos, que respondem à terapia anti-Her2.





   Quanto ao estadiamento (avaliação da extensão da doença localmente, nos glângios axilares, e à distância), ele é feito tal como nas mulheres, mas os homens, devido ao fato de não fazerem o rastreamento para o câncer de mama, são diagnosticados com tumores um pouco maiores, em média, do que os diagnosticados em mulheres e mais tardiamente do que elas (ex.: nos EUA, em média, eles são diagnosticados aos 67 anos, elas, aos 61). Todavia, considerando as doenças no mesmo estágio de desenvolvimento, as chances de cura são muito parecidas para ambos os sexos.
   Homens que desenvolvam câncer de mama também possuem maiores chances (cerca de 20%) de desenvolver um segundo câncer ao longo da vida, sendo o de próstata, o de cólon e o de bexiga os mais comuns.



O que causa câncer de mama no homem?

   Entre os homens que desenvolvem câncer de mama, cerca de 20% possuem casos na família, aproximadamente 10% deles portando uma mutação no gene BRCA2, que os predispõe ao carcinoma de mama. Há ainda outras mutações genéticas hereditárias com o mesmo efeito, mas elas são mais raras.
   Devido a esse fato, de uma quantidade significativa de homens ter histórico familiar da doença, considera-se que todo homem com câncer de mama deveria passar por uma orientação oncogenética/oncogeneticista para estabelecer se ele ou os parentes devem fazer uma investigação diferente da que usualmente se recomenda.
   Outros fatores predisponentes são a exposição à radiação (ex.: acidente nuclear), o pertencimento à raça negra (nos EUA, ao menos, visto que, se formos ver no Brasil, quase toda a população masculina estaria sujeita a tal fator de risco) e a idade avançada (quanto mais velho, maior é a incidência, havendo pico por volta dos 75 anos). A ginecomastia, que é a mama aumentada em homens, também é apontada como um possível fator de risco, mas sem confirmação plena.



Diagnóstico e alguns tratamentos

   Ao perceber um nódulo ou crescimento da mama, tanto o homem quanto a mulher deve procurar um médico, fazer o exame físico, mamografia (pode identificar um nódulo ou microcalcificações suspeitas, estas sendo mais raras em tumores em homens) e, eventualmente, ultrassonografia de mama.
   O diagnóstico, entretanto, só pode ser firmado - tanto em homens quanto em mulheres - por meio de biópsia (que pode ser feita com agulha grossa, sendo chamada core-biopsy, ou por sucção, mamotomia) ou cirurgia, a peça sendo avaliada pelo patologista que, baseado no aspecto do tumor ao microscópio e na imunohistoquímica, consegue firmar que realmente se trata de um carcinoma de mama, ao invés de uma metástase de outro tumor, por exemplo.
   Quanto ao tratamento curativo, ele se dá, como nas mulheres, obrigatoriamente por meio de uma cirurgia, com a diferença que, no homem, sempre se faz a retirada completa da mama (mastectomia radical modificada), enquanto na mulher, em geral, é feita a retirada parcial.
   Também é possível - tal como nas mulheres - fazer a pesquisa do linfonodo sentinela na axila, de modo que o paciente, caso não tenha a doença, seja poupado do esvaziamento axilar - que consiste, como meio de prever melhor o prognóstico (risco de recidiva), na retirada de ao menos 10 (dez) linfonodos da axila, podendo causar inchaço no braço e dor crônica, de modo que deve ser evitado sempre que possível.





   No que diz respeito à radioterapia, ela é sempre indicada para o tratamento de homens com tumor maior que 4 (quatro) cm ou quando há o comprometimento de mais de 3 (três) linfonodos axilares. Kaliks ressalta que atualmente, seguindo uma tendência de tratamento em mulheres, tem se discutido os benefícios de usar a radioterapia para tumores menores ou quando há menos 4 linfonodos axilares comprometidos.



Tratamento sistêmico

   Há ainda o tratamento sistêmico, dividido em hormonioterapia, quimioterapia e terapia anti-Her2, podendo ser indicado antes da cirurgia (tratamento neo-adjuvante), após ela (tratamento adjuvante) e em casos de doença metastática (disseminada).
   No caso da hormonioterpia, será indicada sempre que houver tumor com expressão de receptores de estrogênio e/ou progesterona, sendo que, se aplicada após a cirurgia, durará de 5 (uma medicação) até 10 anos (uma medicação de 5 anos seguida de outro). Além disso, para os homens é indicada a hormonioterapia Tamoxífeno e, em casos de doença metastática, a hormonioterapia é administrada até não haver mais resposta da doença.
   A quimioterapia, por sua vez, pode ter a combinação ou o uso isolado de diversas drogas, a escolha das medicações considerando vários parâmetros. Além disso, ela é indicada em quatro circunstâncias: após a cirurgia de tumores maiores que 1 cm; em casos de linfonodos comprometidos na axila; no caso de tumores menores, mas com características mais agressivas na análise patológica; e, em doença metastática.
   Quanto à terapia anti-Her2, ela apenas é indicada, em neo-adjuvância, adjuvância (geralmente sendo associada a uma medicação quimioterápica) ou em doença metastática (podendo ser usada isoladamente ou associada à hormonioterapia, quimioterapia) e para ambos os sexos, quando há hiperexpressão de proteína Her2 pelo tumor.
   No caso de doenças metastáticas para os ossos, indica-se uma classe de medicações chamadas de bisfosfonatos, as quais são administradas paralelamente à hormonioterapia, à quimioterapia e à terapia anti-Her2.




Breve introdução à recente história do Outubro Rosa

   Atualmente comemorado (não se seria essa a palavra ideal, talvez "ativo" fosse melhor) em todo o mundo, o movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa remonta à última década do século XX, ou seja, aos anos 90, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure lançou e distribuiu o laço cor-de-rosa aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova Iorque, em 1990, mesma cidade onde é promovida anualmente.
   O nome Outubro Rosa, por sua vez, surgiria 7 (sete) anos mais tarde, em 1997, quando entidades das cidades estadunidenses de Yuba e Lodi começaram a efetivamente comemorar e fomentar ações voltadas à prevenção do câncer de mama, com direcionamento para a conscientização da prevenção por diagnóstico precoce. Elas utilizaram o nome para se referir a essa comemoração e fomento e, para sensibilizar a população, as cidades inicialmente eram enfeitadas - em especial os locais públicos - com laços róseos, posteriormente surgindo outras ações, tais como corridas, desfiles de moda com sobreviventes da doença, partidas de boliche e outras. O ato de iluminar de rosa determinados pontos da cidade, como monumentos, pontes, prédios públicos e afins, surgiu depois disso, não se sabendo ao certo como, quando e onde, mas sendo utilizado em todo o mundo, incluindo o Brasil.
   Em 02 de outubro de 2002, data de comemoração dos 70 anos de encerramento da Revolução Constitucionalista, o monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista, também chamado de Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo - SP, foi efemeramente iluminado de rosa, sendo essa iniciativa, obra de um grupo de mulheres simpatizantes com a causa de combate ao câncer de mama e apoiadas por uma conceituada empresa europeia de cosméticos, a primeira relacionada ao Outubro Rosa vista no Brasil.





   Depois disso, 2008 viria a ser o ano a partir do qual o movimento ganhou embalo, visto que, em maio e devido ao Dia das  Mães e o Dia Estadual (São Paulo) de Prevenção ao Câncer de Mama, primeiramente houve uma preparação do Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, com sede em Santos - SP, que iluminou de rosa a Fortaleza da Barra. A repercussão foi enorme.



Nota na primeira pág, do jornal "A Tribuna",
12 de maio de 2008

   Em outubro do mesmo ano, diversas entidades relacionadas ao câncer de mama iluminaram de rosa monumentos e prédios em suas respectivas cidades, e várias cidades participaram.





   A partir de 2008, como anteriormente dito, as coisas ganharam embalo, tanto que, no ano seguinte, o ato de iluminação da Fortaleza da Barra se repetiu e a iluminação rósea de outubro passou a ser vista em cada vez mais cidades brasileiras.



Os dias de combate ao câncer de mama

   Da mesma forma que o combate ao câncer em geral é lembrado em datas diversas, de diferentes níveis, o combate ao câncer de mama possui várias datas comemorativas. Além do Dia Internacional para Prevenção do Câncer de Mama (International Day for Prevention of Breast Cancer), comemorado neste 19 de outubro, no Brasil, onde as semanas estaduais de luta ao câncer de mama aparentam ser mais comuns, existe pelo menos uma comemoração estadual, que é o caso de São Paulo, que comemora o Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama em todo terceiro domingo do mês de maio.
   Há, ainda, no Rio de Janeiro, o Projeto de Lei Nº 633 de 2015 (de autoria do Deputado Átila Nunes e publicado em 05 de agosto deste ano), que, entre outras coisas, institui o Dia Estadual de Combate ao Câncer de Mama e do Colo de Útero em 19 de novembro.
   Por fim, o Brasil celebra o Dia Nacional de Luta Contra o Câncer de Mama em 27 de novembro - data na qual pretendo voltar a falar um pouco mais sobre o assunto.








REFERÊNCIAS

KALIKS, Rafael. Câncer de mama no homem. Disponível em: <http://www.cancerdamama.com/sintomas-e-diagnosticos/cancer-de-mama-no-homem/>. Acesso em: 19 Out 2015.

NEO MAMA, Instituto. História do Outubro Rosa. Disponível em: <http://outubrorosa.org.br/historia/>. Acesso em: 18 Out 2015.

ONCOGUIA, Equipe. Tipos de câncer de mama. Última atualização em: 04 Out 2014. Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/tipos-de-cancer-de-mama/1382/34/>. Acesso em: 18 Out 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela leitura e pelo comentário. Assine o blog, siga-o e mantenha-se informado sobre novos textos. Até.