quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Fazer ou não fazer as unhas?

   No fim de 2015, ganhou certa atenção um vídeo onde a gerente de uma agência bancária [1] de um bairro nobre de Belo Horizonte, Fabíola Barros, é flagrada pelo marido, Carlos Eduardo (Cadu), na saída de um motel no bairro Jardim Piemont, Betim (Belo Horizonte, MG) com o então amigo deles, Alexandre Emerick de Resende (Leo) - que, na verdade, é casado com a irmã de Fabíola, sendo, portanto, concunhado de Carlos.

   A gravação (que pode ser conferida em vários canais no YouTube, bem como em reportagens) foi feita por outro amigo de Cadu e nela são ditas coisas como que Fabíola teria falado ao marido que iria fazer as unhas ou que todos os quatro envolvidos iriam passar o último natal juntos. O "Brasil Urgente" também veiculou reportagem a respeito na segunda-feira, 14 de dezembro, onde é informado que, após a confusão, os envolvidos foram à delegacia e registraram boletim de ocorrência.



Toda essa história rendeu muitos, muitos memes.

   Segundo o portal R7, a assessoria da Polícia Civil confirmou que tudo teria acontecido em 12 de dezembro, que Carlos Eduardo foi quem chamou a PM para registrar agressão, acabando por mudar a versão e afirmando ter cortado a mão por conta dos estilhaços de vidro do carro, enquanto Fabíola preferiu não denunciar a violência sofrida e o dono da picape, Leo, não fez qualquer registro pelo dano. Assim, como não houve qualquer representação, a delegacia da área não investigará a briga.
   O que eu acho a respeito do ocorrido? Todos os envolvidos estão errados de alguma forma: a mulher envolvida está errada por ter traído o marido; ele, por ter dado uns catiripapos nela em alguns momentos da filmagem (além das ameaças, claro); Leo, por ter se envolvido com a esposa do amigo concunhado e traído a própria esposa; o outro amigo de Cadu, por ter feito a filmagem (de certo modo); os funcionários do motel que estavam por ali, por não terem sequer chamado a polícia (quem chamou foi o marido traído, como informado pelo R7); e, finalmente, quem quer que tenha jogado o vídeo na net [2], exatamente por ter feito isso, bem como o povo que irresponsavelmente chegou a veicular imagens dos filhos do casal.
   Enfim, a partir dessa situação - digna de ser cantada por alguma dupla sertaneja ou banda de pagode (se é que já não cantaram algo parecido) - procurarei falar um pouco sobre relacionamentos e certa falta de lógica que os permeia.




Amor e Sexo

(...)
Amor sem sexo
é amizade
Sexo sem amor
é vontade
(...)
Sexo vem dos outros
e vai embora
Amor vem de nós
e demora

(Trechos da música "Amor e Sexo", de Rita Lee)


   Bom, pra começo de conversa, é bom deixar de lado o amor idealizado, pois ele simplesmente não se aplica à lógica real dos relacionamentos, já que a idealização parte de um indivíduo em relação ao outro ("amor vem de nós..."), que com toda certeza não atenderá a todas as expectativas do idealizador, gerando um conflito que termina por romper com a fantasia do "apaixonado" e causar distúrbios no relacionamento - principalmente quando o idealizador unilateralmente decide que pode e deve mudar o seu objeto de idealização, como se fosse uma espécie de deus dotado do poder de moldar a realidade ao seu bel prazer. Ah, essas Feiticeiras Escarlates que existem aos montes por aí... E tem até música que toca nesse ponto, no caso, a conhecida composição de Paula Toller, "Como eu quero". Segue o vídeo com interpretação da própria Paula Toller, então vocalista do Kid Abelha, e a letra transcrita da música.




Diz pra eu ficar muda
faz cara de mistério
tira essa bermuda
que eu quero você sério

Dramas do sucesso
mundo particular
solos de guitarra
não vão me conquistar

Uh! Eu quero você
Como eu quero!
Uh! Eu quero você
Como eu quero!

O que você precisa
é de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
em arte final

Agora não tem jeito
'Cê 'tá numa cilada
É cada um por si
você por mim e mais nada

Uh! Eu quero você
Como eu quero!
Uh! Eu quero você
Como eu quero!

Longe do meu domínio
'cê vai de mal a pior
vem que eu te ensino
como ser bem melhor

Longe do meu domínio
'cê vai de mal a pior
vem que eu te ensino
como ser bem melhor

Uh! Eu quero você
Como eu quero!
Uh! Eu quero você
Como eu quero!

Uh! Eu quero você
Como eu quero!
Uh! Como eu quero!


   Eu sei, muita gente entende esse "como" do refrão como sendo uma advérbio intensificador, que modificaria a frase de modo a dizer que o eu-lírico (feminino) deseja muito, mas muito mesmo o seu amado, de uma maneira quase incontrolável, feito um(a) presidiário(a) que não teve visitas íntimas nem nada próximo disso durante todo o cárcere - ou um alcoólatra em reabilitação diante de uma garrafa de vinho [3].
   Entretanto, basta fazer uma análise mais atenciosa para perceber que o sentido contido nessa conhecida canção é outro: O eu-lírico (feminino) deseja ter o seu amado de uma maneira que ela determinou como sendo a correta ou a ideal. Reescrito, o verso ficaria assim: "Eu quero você do modo (da maneira, do jeito) que eu quero".


Esse meme exemplifica bem o sentido do "como" na música "Como eu quero".

   Penso que isso baste para exemplificar um relacionamento calcado no "amor idealizado" como o que ele é: um relacionamento de posse e onde há o poder de um sobre o outro. E, como nem toda pessoa sádica ou controladora encontra de imediato aquele alguém masoquista ou passivo que junto a ela constituirá um casal perfeito dentro desse tipo de relacionamento, é natural e esperado que relacionamentos assim descambem para uma situação conflituosa, na qual: 1) um tenta se libertar enquanto o outro procura (re)impor o seu domínio;2) cada uma das partes briga para impor o domínio à outra; 3) ambas as partes esperam "a tomada de atitude" da outra.
   Obviamente que, como em toda trama, o conflito precisa ser resolvido, sendo o término do relacionamento a solução mais óbvia e comum - porém, não é a mais aceitável para alguém como o eu-lírico da música "Como eu quero", isso obviamente - assim como no caso de adultério, que é outra solução encontrada - resultando em perseguição, espreitamento, ameaças e mesmo o homicídio passional.
   Aqui é importante dizer: diferentemente do que se possa pensar, essas escrotices não são feitas única e exclusivamente de homens contra mulheres e nem mesmo são exclusividade do relacionamento entre "homem que se entende como tal e é heterossexual" e "mulher que se entende como tal e é heterossexual" [4] - e os noticiários deram bons exemplos disso no último semestre [5] [6], como se pode perceber pelas seguintes matérias:


Lésbica mata parceira em Cuiabá após descobrir gravidez, diz polícia (10 Ago 2015)
Mulher mata companheira, põe corpo em cama box e tenta fugir me carroça (28 Out 2015)
Suspeita de matar ex-companheira no RS está em estado de choque (06 Dez 2015)
Após briga por namorado, jovem mata amigo com facada no peito em SP (15 Dez 2015)


   Mas há, também, notícias mais antigas que demonstram isso:


Polícia prende ex-namorado suspeito de matar professor na Grande Natal (27 Jun 2015)
Polícia prende gay acusado de tentar matar ex-namorado no PI (16 Out 2008)


   E por qual motivo essas coisas acontecem? Basicamente porque, você querendo ou não, todos os relacionamentos são baseados em sexo - e podem ser organizados em dois grandes grupos: "relacionamentos onde espera-se que haja sexo" e "relacionamentos onde espera-se que não haja sexo" [7].





Amor sem sexo é amizade,
Sexo sem amor é vontade...

   Rasamente falando [8], espera-se que não haja sexo em relacionamentos entre parentes de primeiro grau (consanguíneos ou não), entre amigos, entre colegas de um mesmo local de trabalho (com óbvias variações de local de trabalho para local de trabalho quanto às restrições e consequências), entre um adulto e uma criança, entre namorados ou noivos pertencentes a uma comunidade que preza pela prática sexual apenas após o casamento, entre o cônjuge de alguém e qualquer amigo de qualquer dos cônjuges, etc.
   E por falar em cônjuges, nas relações onde a ocorrência do sexo é esperada, toda e qualquer restrição e consequência quanto à prática sexual parece orbitar o seguinte princípio: Não se pode transar com quem não faz parte da relação. Só que esse princípio ou fundamento tem dimensão variável de acordo com o tipo de relação. Sim, pode parecer incrível (para algumas pessoas), mas a relação monogâmica não é a única forma de relacionamento sexual que existe.


A Branca de Neve, por exemplo, vivia com sete caras ao mesmo tempo,
não 'pera...

   Eu sei, eu sei, muitas pessoas prontamente apelam para a Bíblia como forma de justificar que se deve viver monogamicamente, que essa forma de relacionamento é a única, a correta e verdadeira, etc e tal e coisa.... Só que:
   1º) A Bíblia - até onde eu me lembre - não traz qualquer determinação explícita pétrea quanto ao relacionamento monogâmico e, embora existam insinuações [9], por qual motivo a única divindade existente (pela ótica abraâmica) escolheria como mensageiros figuras como Abraão, Jacó e Salomão, indivíduos que viriam a ter mais de uma esposa? [10] Pode a divindade onisciente não ter conhecimento prévio a respeito disso? Claro que, sendo um ser onisciente, saberia [11] e, sabendo, por qual motivo não escolheu indivíduos que não viriam a se tornar bígamos ou polígamos?
   2º) Mesmo se considerarmos tais apelações como válidas, elas só possuem alguma aplicabilidade real para aqueles que concordam com elas e seguem alguma religião que tem a Bíblia como livro sagrado e não para absolutamente todo mundo - claro, a legislação brasileira versa sobre isso e proíbe a bigamia e a poligamia, mas também deve-se lembrar que há uma enorme influência judaico-cristã nas civilizações ocidentais e que a mesma consequentemente também toca as leis.


Jabba The Hutt não é nenhum exemplo de relações
não monogâmicas consentidas
(Leia e as twik'leks eram suas escravas)
e eu coloquei essa imagem
só pra deixar isso claro.

   Enfim, além da monogamia, há (no mínimo): a bigamia consentida por todas as partes envolvidas ou o ménage à trois (casamento à três), onde três pessoas consentidamente teriam uma relação que poderia variar do modelo em que "uma pessoa mantém relação com as outras duas, sem que essas mantenham relação entre si ou com outros" até um no qual "os três se relacionam entre si"; a poligamia consentida por todas as partes envolvidas, que poderá se constituir de um homem e três ou mais mulheres (poliginia) ou de uma mulher e três ou mais homens (poliandria), nas versões heterossexuais [12]; o relacionamento aberto; o relacionamento semi-aberto; a casualidade sexual; o programa sexual; e a parceria sexual.
   Como a bigamia e a poligamia são proibidas por lei no Brasil - eis a influência cristã [13] - e muitos outros países, bem como todas as outras possibilidades de relacionamentos ou apresentam consideráveis dificuldades para que eventuais herdeiros genéticos venham a ser criados num ambiente considerado adequado (mais por questões legais que qualquer outra coisa) ou são relacionamentos mais (ou puramente) sexuais que afetivos, já se pode ver porque da problemática com a monogamia: as pessoas são criadas para acreditar nesse modelo como sendo o único possível e todas as outras possibilidades de relacionamentos lhes são negadas, já que, efetivamente, você não pode estabelecê-los com todos benefícios proporcionados por um casamento ou união estável monogâmica e sexualmente fechada, por exemplo.
   Uma bigamia mutuamente consentida ou uma poligamia mutuamente consentida podem ser estáveis se todas as partes envolvidas tiverem ciência dos termos e maturidade para respeitá-los, mas tais práticas são proibidas. Por outro lado, um relacionamento aberto (onde, por exemplo, dois indivíduos estão afetivamente ligados, mas possuem liberdade sexual com terceiros, quartos, quintos...) ou um relacionamento semi-aberto (semelhante ao anterior, porém, há limitações quanto à liberdade sexual com terceiros, apenas um dos envolvidos usufruindo dela - que pode ser plena ou limitada à aprovação do outro envolvido - ou ambos podendo transar com terceiros, desde que aprovados pela outra parte) constituem alternativas (quando não oficializadas) ou mesmo adequações (quando oficializadas, o casal sendo realmente casado ou estando em união estável) mais eficazes ao relacionamento monogâmico sexualmente fechado.
   Em todos esses casos (bigamia e poligamia mutuamente consentidas, relacionamento aberto e relacionamento semi-aberto), a relação sexual com terceiros (porque até mesmo um casamento simultâneo entre três ou mais pessoas, por exemplo, são incomuns, esperando-se que a coisa toda parta de um casal que, então, se amplia) não constitui o que se entende por "traição" e chamar isso de "traição consentida" (como já vi por aí) ou congêneres é, no mínimo, impreciso, tal prática sendo apenas parte das regras do jogo dos envolvidos.
   Já quanto às demais possibilidades, isto é, a casualidade sexual, o programa sexual e a parceria sexual, a coisa muda, tanto por haver afeto de menos e sexo de mais (embora nada impeça que a relação passe a ser afetivo-sexual, vide os casos de clientes que se apaixonam por prostitutas e vice-versa, por exemplo) quanto pelo individualismo que parece caracterizar esses modelos - "parece caracterizar" porque, por exemplo, há casais que fazem uso do programa sexual, tanto na condição de clientes quanto na de prestadores do serviço em questão.


Charlie Harper, personagem de "Two and a Half Men": Quase um sinônimo
de casualidade sexual, parceria sexual e programa sexual, embora tenha
chegado a estabelecer algumas relações monogâmicas sexualmente exclusivas.

   A casualidade sexual acaba sendo o mais dinâmico (ou instável mesmo), esperando-se que não haja (tanta) repetição das parcerias sexuais por parte do(a) "caçador(a)", ao contrário do programa sexual - onde a repetição pode ocorrer com maior frequência - e da parceria sexual, que, como a denominação já dá a entender, espera-se certa estabilidade, porém, voltada majoritária ou exclusivamente para o sexo. É importante ressaltar que, quando me refiro ao programa sexual, não estou tratando apenas da pessoa que opta por manter relações sexuais apenas (ou majoritariamente) com profissionais do sexo (prostitutas, miches), mas também dos próprios profissionais, visto que não é incomum - diferentemente do que se possa pensar - a ocorrência de pessoas desprovidas de qualquer necessidade [14] exercendo a profissão mais antiga do mundo.
   Ou seja, existe toda uma gama de possibilidades relacionamentais que, entretanto, não são livremente praticadas por aqueles que realmente se adequam a elas devido ao favorecimento - que começa pelo aspecto legal - de apenas um modelo de relacionamento e a condenação dos demais - seja por força de lei (como já dito, bigamia e poligamia são ilegais em boa parte dos países de tradição cristã) ou de costume, como é o caso da casualidade sexual (o homem praticante pode até ser elogiado como "garanhão", mas tanto ele quanto a mulher podem ficar pejorativamente alcunhados de "galinha", por exemplo), da parceria sexual (nesse caso, quase sempre será tratado ou como sem-vergonhice de ambas as partes ou como se o homem estivesse enrolando/usando a mulher) e do programa sexual (tolerado desde os tempos romanos, ainda que muito malvisto).




Por fim

   Nós não somos como cisnes de certas espécies, que constituem casais monogâmicos para a vida toda! [15]



Não achei uma imagem bacana de baratas.

   Alguns até podem ser, mas não somos todos iguais, não temos todos os mesmíssimos pensamentos, desejos e necessidades, então, por qual motivo apenas um formato de relacionamento deveria ser aplicado para absolutamente todo mundo? Se existem aqueles com capacidade de estabelecer um relacionamento afetivo-sexual exclusivista, também existem aqueles com capacidade de estabelecer um não-exclusivista ou até mesmo um conjunto de relações afetivo-sexuais não-exclusivistas - tais como muitos poliamoristas fazem.
   Aliás, o poliamor - que existe como movimento organizado nos EUA há mais de 20 anos e vem ganhando cada vez mais visibilidade no Brasil (teve até um programa da Fátima Bernardes que abordou o assunto em 2015 e há grupos e páginas no Facebook) - é o que possibilita toda a vasta gama de relacionamentos afetivo-sexuais não-monogâmicos, gerando, segundo Senra (2014), "milhares de 'trisais' ('casais' formados por três indivíduos) e 'quatrilhos' (quatro pessoas)".
   E embora existam aqueles que (ridiculamente) alegam que o poliamor é coisa para pessoas ricas e bonitas, a verdade é que não é, afinal de contas, quantos casais (cujos membros não são ricos e não estão dentro do padrão de beleza?) você conhece ou ouviu falar que um dos cônjuges sabe que o outro se relaciona com outra pessoa e não está nem aí para isso? Ou então casais onde ambas as partes sabem, permitem e não estão nem aí para o envolvimento da outra parte com terceiro(s)? Eu sei de vários... Fora os que passam a viver juntos mesmo.



O talvez mais conhecido trisal brasileiro: Juliana, Joviano e Daiane.

   Concluindo, penso que não somente as pessoas deveriam procurar o melhor tipo de relação para elas mesmas, obviamente com pessoas que tenham o mesmo pensamento e aceitação a respeito do modelo escolhido, como os Estados (não somente o Brasil) poderiam e mesmo deveriam adequar suas legislações referentes aos formatos relacionamentais, desprivilegiando a monogamia sexualmente exclusivista e permitindo o reconhecimento oficial de outros modelos, algo que até mesmo poderia contribuir para uma redução de crimes passionais, visto que (quem sabe) só entraria numa relação monogâmica de exclusividade sexual quem assim realmente desejasse, findando ou reduzindo drasticamente as práticas de "ir fazer as unhas" e "ir conversar com uma amiga no motel", bem como as trágicas consequências delas.






NOTAS

[1] Palmas para o banco Santander, que deu (ou está dando) a devida ajuda à sua funcionária, pois, independentemente da conduta dela ser errada, as consequências da veiculação irresponsável do vídeo e de fotos lhe trouxe danos (e poderia ter resultado em coisa bem pior).

[2] Encontrei alguns textos por aí dizendo que a bancária também estaria em vídeo adultos, alguns também alegando que o marido traído os teria divulgado - mas como é típico desse tipo de situação, pode muito bem não ser verdade. Aliás, numa das reportagens que achei a respeito, é dito que um dos três supostos vídeos então em circulação (17 de dezembro, pode ser que outros tenham aparecido) já estava circulando na rede a cerca de um ano.

[3] Eu não sei como puderam entender outra coisa da letra da música, visto que ela é bem clara quando ao sentido do "como", reforçado por uma série de coisas, como o imperativo no verso "tira essa bermuda" ou colocações como "que eu quero você sério" e "longe do meu domínio".

[4] Na linguagem utilizada pelos principais interessados, os termos referentes a esses sujeitos seria, respectivamente "homem cisgênero heterossexual" e "mulher cisgênero heterossexual".

[5] Cito o último semestre (Julho a Dezembro de 2015) porque percebi uma maior quantidade de notícias envolvendo casais homossexuais envolvidos em crimes passionais no noticiário nacional - sobretudo no televisivo, como se houvesse 1) uma preocupação em passar ao grande público que tais casais são casais como outros quaisquer, para o bem (estabilidade, por exemplo) ou para o mal (crimes passionais, por exemplo), ou 2) uma tentativa de mostrar que nem todo assassinato de LGBT no Brasil se dá por discriminação e que a maior parte ou mesmo a maioria de tais homicídios ocorreriam por questões passionais.

[6] Casos como esses são incluídos no cálculo de homicídios de LGBTs que acontecem a cada ano. A pesquisa é realizada pelo Grupo Gay da Bahia, sob coordenação do fundador da entidade, o antropólogo Luiz Mott. Segundo as estimativas da entidade para os assassinatos (e suicídios) de LGBTs (e heterossexuais confundidos com homossexuais) em 2013, 99% dos 312 homicídios teriam sido motivados por homofobia.

[7] "Espera-se" porque, naturalmente, ocorrem exceções.

[8] Porque o estabelecimentos das relações sobre as quais recai a espera pela (não) ocorrência de sexo varia de sociedade para sociedade e mesmo de segmento social para segmento social. Por exemplo, em determinadas comunidades religiosas, espera-se que não ocorra qualquer relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo.

[9] Insinuações tanto no sentido de que todo relacionamento poligâmico na Bíblia resultou em consequências ruins (expulsão de Agar e afastamento entre Abraão e Ismael; problemas familiares causados pelo ciúme entre Raquel e Leia; o sofrimento de Ana ante o menosprezo de Penina, a outra esposa de Elcana; Salomão acabou adorando outros deuses e sofrendo consequências funestas), quanto no de que Jesus teria dito, em Marcos 10.7,8, que um homem se unirá a uma mulher, tudo no singular. Essas insinuações (porque não há nada efetivamente explícito) são supostamente (ainda não achei o texto em si) apontadas por Silas Malafaia num texto em seu site e replicado por blogs e outros sites, como no Notícias Gospel+, mas outras coisas mais são relacionadas e debatidas em "Por que Deus permitiu permitiu poligamia/bigamia na Bíblia?" de maneira bem interessante - ainda que eu (mesmo não sendo cristão) não engula o argumento de que "Deus aparenta ter permitido poligamia para resolver um problema, mas era o Seu desejo que esse problema nunca tivesse ocorrido". E não engulo simplesmente porque ele é um declaração de que a divindade em questão é falha, que comete erros e que, provavelmente, não é a única divindade... Afinal de contas, pode a divindade onisciente, onipresente e onipotente não prever um problema e fazer com que ele não venha a ocorrer, isto é, evitando o surgimento do problema para não ter que remediá-lo? O texto acima lincado dá a entender a poligamia como uma prevenção de problemas aos quais as mulheres estariam sujeitas na Antiguidade, é verdade, mas ele também deixa claro que esse problema era decorrente de outros (guerras, por exemplo), então fica a questão anteriormente feita.

[10] No caso de Abraão e considerando o epíteto "Senhor dos Exércitos", eu gosto de pensar que se trataria de um estratagema para gerar uma situação na qual sempre haveria exércitos, como é o caso dos conflitos no Oriente Médio - mas isso é mais um pensamento bobo que renderia um bom conto, poema, game ou similar.

[11] Ainda mais por ser Ele também onipresente. Explico. Vendo pela ótica cristã, a Criação possui um "começo" e um "fim" (que virá com a Revelação, vulgo "Apocalipse"), ou seja, tudo o que aconteceu, está acontecendo e virá a acontecer está delimitado num mesmo espaço-tempo e, se considerarmos as coisas descritas no livro do Apocalipse como profecias, então essas coisas todas foram programadas lá no "começo", determinadas a acontecer. Pode parecer que isso entra em conflito com o "livre-arbítrio", mas eu penso que não, se pensarmos que entre o "começo" e o "fim" existe "apenas" uma imensidão de possibilidades, o conjunto das escolhas individuais (conscientes ou não) definindo melhor como as coisas seguirão até o "fim", isto é, o "começo" e o "fim" estariam definidos, mas uma das únicas coisas definidas no "meio" serias todas as possíveis escolhas cujos conjuntos resultariam na definição do caminho para o "fim". Uma forma de ilustrar isso, penso, seria por meio do que se pode chamar de "universos e se" ou "realidades alternativas resultantes de escolhas". Imagine que a decisão tomada por um grupo de dinossauros acabou salvando-os da extinção e que, graças a isso, há um universo paralelo ao nosso no qual existe um planeta Terra dominado não por humanos, mas sim por dinossauros humanoides, os quais, em 65 milhões de anos, tiveram tempo de sobra para colonizar a galáxia... Ou uma realidade alternativa na qual, devido a uma decisão diferente tomada por Hitler ou por algum chefe de Estado dentre os Aliados, a Alemanha Nazista venceu a Segunda Guerra Mundial (Phillip K. Dick fez isso em "O Homem do Castelo Alto"), etc.

[12] Considerando que as versões homossexuais obviamente são constituídas por vários (poli-) homens (-andria) ou por várias (poli-) mulheres (-ginia), poderia-se utilizar homopoliandria e homopoliginia para especificar bem praticamente a que tipo de relacionamento se refere e quem nele está envolvido.

[13] "Cristã" porque o costume da poligamia só foi abolido do judaísmo pelos rabinos (visto que não consta qualquer proibição no livro sagrado dos judeus) e mais especificamente pelo rabino Gershom ben Judah durante o século XI. Ainda assim, a proibição era especifica para os judeus da Europa Oriental (Ashkenazi), os do Mediterrâneo (sefaraditas) continuando a praticá-la - e ela seria, de acordo com Will Durant, "praticada por judeus ricos em terras islâmicas e rara entre os judeus da Cristandade". Além disso, a poligamia teria sido banida pela Igreja em Roma como forma de adequação à cultura greco-romana, que prescrevia somente uma esposa legal, ao mesmo tempo em que tolerava o concubinato e a prostituição. (Retirado e adaptado do texto de Islamismo.org que consta nas referências)

[14] Leia-se: Pessoas nascidas em famílias consideradas estruturadas, com boas condições sócio-econômicas e boas oportunidades ao longo da vida.

[15] As baratas também fazem isso, mas como um casal de baratas não forma um "coração" mediante o encontro de suas cabeças, fiquei com o exemplo dos cisnes mesmo.






REFERÊNCIAS

A poligamia no judaísmo e no cristianismo. Disponível em: <http://www.islamismo.org/poligamia_judaismo_cristianismo.htm>. Acesso em: 03 Jan 2015.

BORGES, Fernando. Veja: Supostos vídeos íntimos de Fabíola da unha geram polêmica. Publicado em: 17 Dez 2015. Disponível em: <http://br.blastingnews.com/brasil/2015/12/veja-supostos-videos-intimos-de-fabiola-da-unha-geram-polemica-00700471.html>. Acesso em: 02 Jan 2015.

BRASIL Urgente. Marido flagra esposa com melhor amigo em motel. Publicado em: 14 Dez 2015. Disponível em: <http://noticias.band.uol.com.br/brasilurgente/video/2015/12/14/15708073/marido-flagra-esposa-com-melhor-amigo-em-motel.html>. Acesso em: 17 Dez 2015.

CRISTINA. Supostos vídeos íntimos de Fabíola circulam nas redes sociais. Atualizado em: 27 Dez 2015. Disponível em: <http://br.blastingnews.com/brasil/2015/12/supostos-videos-intimos-de-fabiola-circulam-nas-redes-sociais-00698003.html>. Acesso em: 02 Jan 2016.

R7; RECORD Minas. Bancária flagrada traindo o marido "não quer sair de casa", diz advogada. Publicado em: 16 Dez 2015; 00h20; Atualizado em: 16 Dez 2015; 13h19. Disponível em: <http://noticias.r7.com/minas-gerais/fotos/bancaria-flagrada-traindo-o-marido-nao-quer-sair-de-casa-diz-advogada-16122015#!/foto/1>. Acesso em: 02 Jan 2016. 

REDAÇÃO Terra. Poliamor: Conheça esta forma "poligâmica" de amar. Disponível em: <http://mulher.terra.com.br/noticias/0,,OI1916843-EI16610,00-Poliamor+conheca+esta+forma+poligamica+de+amar.html>. Acesso em: 05 Jan 2016.

SARDINHA, Edson. Um homossexual foi assassinado a cada 28 horas no Brasil em 2013, diz pesquisa. Publicado em: 14 Fev 2014. Disponível em: <http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/relatorio-aponta-312-homossexuais-brasileiros-assassinados-em-2013/>. Acesso em: 17 Dez 2015.

SENRA, Ricardo. #SalaSocial: Redes sociais aproximam brasileiros adeptos do 'poliamor'. Publicado em: 08 Dez 2014. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141206_salasocial_poliamor_rs>. Acesso em: 05 Jan 2016.

SOARES, Ana Carolina. As consequências do vídeo viral da traição de Fabíola. Publicado em: 16 Dez 2015. Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/blogs/sexo-e-a-cidade/2015/12/16/consequencias-video-viral-traicao-fabiola/>. Acesso em: 02 Jan 2016.

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