"The door" (A porta), o quinto episódio da sexta temporada de Game of Thrones, vazou muitas horas antes da sua exibição no domingo, 22 de maio de 2016, e ele é simplesmente foda - nos levando a pensar que, se o quinto episódio dessa temporada está nesse nível, imagine então o que devemos esperar do nono episódio. Enfim, não falo aqui minuciosamente sobre todo o episódio, sobre cada detalhe dele, nem sobre a origem dos caminhantes brancos - que ele mostra e explica - apenas faço algumas considerações sobre duas das principais mortes que acontecem nele.
Havia uma hipótese de que Hodor teria a mente de um cavalo... O pessoal chegou "perto", na verdade, ele tem a mente de morto-vivo. |
Primeiramente, a simbologia de que George R. R. Martin faz uso no que diz respeito aos nomes dos lobos da família Stark (relação nome-personagem) novamente dá as caras. Desta vez, o lobo que morreu foi o de Bran Stark, denominado Verão - e ele morre justamente lutando contra soldados mortos-vivos do exército do Rei da Noite, quando este invade o refúgio do Corvo de Três Olhos. Isso é muito obviamente significativo, porque, em GoT, quando o verão se vai é porque o inverno chegou.
Agora vamos à morte que é ainda mais significativa, não por possuir algum prelúdio, mas sim por estar relacionada ao passado e trazer importantes revelações que se relacionam com outras coisas vistas no mesmo episódio. Wylis, que tem o nome Walder nos livros e é mais conhecido como Hodor, morre para que Bran e ... possam escapar do exército de mortos vivos.
Acontece que Bran - incapaz de sair da visão - descobriu ser capaz de acessar a mente de Hodor enquanto seu espírito encontrava-se no passado, junto do vidente verde. No segundo momento em que Bran controla Hodor desta forma é que temos a morte do grandalhão, mas não como efeito da possessão. Bran o controla para que ele segure a porta e ganhe tempo para a fuga, o que ele faz, ao custo de sua vida, já que os mortos-vivos conseguem romper a porta aos poucos e, no processo, matam-no.
Wylis sob controle mental de Bran no passado. |
Aqui temos uma das maiores revelações: Enquanto o Hodor segura a porta e começa a ser ferido pelos mortos-vivos, Wylis cai ao chão como que numa espécie de ataque epilético. As palavras do comando que lhe foram dadas, hold the door (segure a porta), são repetidas até converterem-se em holdor e, finalmente, Hodor. Desta forma, não apenas temos a explicação para o porquê de Wylis ter passado a falar somente hodor - de modo que tal palavra acabou se transformando no seu apelido, como também temos a explicação do porquê de Bran conseguir assumir o controle de Hodor, um gancho e uma relação com uma coisa dita no mesmo episódio.
Basicamente, Bran consegue possuir Hodor por este ter uma mente fraca tal qual a de uma besta, mas a mente dele só é fraca porque, na realidade, o grandalhão transformou-se num morto-vivo. De acordo com o visto no episódio em questão, a mente existe simultaneamente no passado e no futuro (o presente é mera questão de onde se está), de modo que, se uma pessoa é possuída por um vidente no passado para que o seu eu futuro execute uma ação (que foi o que Bran fez com Wylis/Hodor) e a mesma acaba sendo transformada em um morto-vivo ainda enquanto possuída (sim, porque se Bran liberasse Hodor, ele deixaria de segurar a porta, logo...), torna-se o que Wylis se tornou.
O gancho, por sua vez, é mais simples de entender: Se Bran consegue controlar Hodor porque ele, na verdade, possui uma mente de morto-vivo, então, por extensão, o sucessor do Corvo de Três Olhos pode controlar morto-vivos, o que nos leva quase que automaticamente a pensar num confronto de exércitos de desmortos.
Por fim, a coisa dita no mesmo episódio e à qual a morte (ou seria desmorte ou mortevivificação?) de Hodor se relaciona é uma explicação dada por Kinvara, alta-sacerdotisa do deus R'hllor, para Tyrion e Varys a respeito dos acontecimentos envolvendo Melissandre e Stannis Baratheon (não exatamente com essas palavras): As coisas são o que são e estão onde estão porque têm que ser assim.
Kinvara... Che Guevara... Deus vermelho com profecia de estrela vermelha... Estrela vermelha... Maior proximidade com as classes baixas... Ditadura do proletariado... Será? |
Essa afirmação pode ser encarada como a explicação de que vidente algum, nem mesmo o Corvo de Três Olhos, pode alterar o futuro mediante interferências no passado, muito pelo contrário, o que quer que um vidente faça no passado apenas irá fazer com que o futuro tal qual ele conhece venha a acontecer. Noutras palavras, todo e qualquer acontecimento é inevitável, mesmo os futuros, o que inclui as profecias e... A morte.
Eu disse que o que acontece com Hodor se relaciona só com uma coisa dita no episódio, mas a verdade é que ela também se relaciona a outra, dita para Arya Stark: A morte não ignora os bons e leva apenas os maus, isto é, "a morte vem para todos". Essa frase, por sua vez, se relaciona ao que George R. R. Martin disse numa entrevista para a edição mais recente da revista online de ficção científica "Galaxy's Edge", defendendo que a morte e grandes abalos físicos ou emocionais inclusive para personagens protagonistas.
REFERÊNCIAS
O GLOBO. Autor defende mortes em 'Game of Thrones': 'Ninguém vive para sempre porque é herói'. Publicado em: 18 Mai 2016, 06h00. Atualizado em: 18 Mai 2016, 18h12. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/autor-defende-mortes-em-game-of-thrones-ninguem-vive-para-sempre-porque-heroi-19324951>. Acesso em: 22 Mai 2016.
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