A primeira sensação...

   ...Era de que um tempo indeterminado havia passado. A segunda, a de que havia uma força puxando para frente.
   Além disso, a escuridão era predominante, e por mais que tentasse abrir os olhos, eles simplesmente pareciam inexistir – entretanto, d'alguma forma, tudo ao redor era conhecido em sua mente, desde o formato e até a exata localização, num verdadeiro mapa mental em tons de preto, cinza e branco.
   Acima, entrecortando velozmente o céu difuso, uma ruidosa chuva horizontal dirigia-se retilineamente para além duma grande e brilhante edificação sem entradas ou saídas, dotada duma base afunilada e um corpo hexagonal em que todas as seis arestas eram salientes e, os lados, convexos.
   O lugar em que tanto a construção quanto o indivíduo se encontravam era como uma extensa estrada de terra batida ladeada por largos quadrados perfeitamente alinhados. E, por essa via, uma longa caminhada teve início, a sensação de que quilômetro atrás de quilômetro havia sido percorrido, até que ficou prestes a alcançar a estranha edificação – a qual fora envolvida por uma imensa mão descida do céu difuso, de dentro das águas horizontais, e por ela girada três vezes.
   A chuva cessou e, antes que o gigantesco dedo indicador da mão colossal pudesse lhe esmagar, Mônica acordou exaltada, bem a tempo de ver Eduardo sair do banheiro e de ouvi-lo dizer:

   - Na volta, vou aproveitar pra comprar um inseticida antes que esses bichos tomem conta do banheiro outra vez!

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